domingo, 26 de maio de 2013

Dar mesada pode ajudar na educação financeira.

Especialista ensina como fazer Valor ajuda a entender a relação entre tempo e dinheiro e prepara o futuro
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Dar ou não mesada? Essa é uma dúvida que aflige muitos pais, que não sabem se o dinheiro será usado corretamente e têm dificuldades de calcular o valor para as crianças. No entanto, a prática pode ser uma grande aliada da educação financeira, que acompanhará os pequenos por toda a vida.

“A mesada é um instrumento muito interessante, que pode ajudar, mas também machucar. A criança precisa de dicas e informação, para que aprenda e use bem o dinheiro”, diz o educador financeiro Álvaro Modernell, diretor da Mais Ativos Educação Financeira. Você pode fazer da experiência de ter dinheiro uma ferramenta poderosa da educação, já que a criança passa a entender melhor a relação entre tempo e dinheiro, e precisa aprender a poupar ou fazer escolhas entre um item de interesse ou outro.

A idade ideal para começar, como explica Álvaro, é relativa e estudiosos divergem sobre o número exato. No entanto, o profissional considera que entre os 6 e 7 anos é o melhor período. “É a fase quando a criança começa a ser alfabetizada, tem que lidar com números e começa a ter um ciclo de aprendizado. Ela está mais propícia a aprender nessa fase”, explica. Ele diz, ainda, que o mais bacana é quando as próprias crianças fazem o pedido, porque passa a ser considerado uma conquista.

Fixando o valor

Álvaro conta que não existe um valor certo para dar aos filhos, já que a realidade brasileira é diversificada. Você deve avaliar o que cabe no seu orçamento e usar isso como guia. No entanto, mesmo que possa dar uma quantia alta, o educador diz que isso não deve ser feito: “a escassez ajuda mais que a abundância, na dúvida dê menos”, aconselha.

 
Deixar o valor muito baixo também pode frustrar, então a dica do especialista é descobrir qual a média que os amiguinhos recebem conversando com os outros pais. “A turminha tem que ter um valor parecido, é bom que ele não seja o pagador e nem o mais contido”, indica.

Outro conselho importante é que o dinheiro do lanche nunca esteja incluído na mesada, para que não exista o risco da criança não comer para ficar com ele. “O dinheiro do lanche é para o lanche e é preciso deixar claro que a criança deve devolvê-lo para os pais se optar por não comer”, diz Álvaro. Procure também não vincular a mesada ao desempenho escolar, o que é muito comum: “quando você faz isso estimula uma mentalidade mercenária e está passando para o dinheiro uma responsabilidade que é sua”.

Após escolher, é necessário que você mantenha a quantia, porque quando os pequenos acostumarem a ela, naturalmente terão que aprender a fazer escolhas e tomar decisões com base nisso, como com um salário. “A gente sempre tem mais vontade do que possibilidade financeira na vida, então é importante ter esse equilíbrio desde cedo”, complementa Álvaro.

Quer que seu filho aprenda a poupar? Pague a mesada com dinheiro trocado, para que ele tenha a chance de guardar uma parte no cofrinho. Converse com a criança e explique que ela deve guardar logo no início, e que poupando poderá comprar um brinquedo bacana mais para frente. "Quem deixa para poupar no final do mês gasta, e não poupa", afirma Álvaro.

De quanto em quanto tempo devo pagar?

Apesar de chamar mesada, o tempo certo para crianças pequenas não deve ser mensal, porque elas ainda não percebem o tempo tão longe. Até os 10 anos, o melhor é que o valor seja dado semanalmente ou a cada 15 dias. “Entre os 6 e 8 anos, se ela fizer uma bobagem e gastar todo o valor, ou se quiser juntar para comprar alguma coisa, consegue esperar tranquilamente uma semana, mas em um mês ela pode ficar desmotivada e frustrada”, explica.

Outro conselho do profissional é que você nunca atrase o pagamento, porque isso passa a mensagem para seu filho de que ele pode atrasar seus compromissos e contas. “Se atrasar, pague com uma multa simbólica, para que ele veja que existem consequências no atraso de compromissos”, indica. O mesmo vale para quando você adiantar o dinheiro por pedido dele:faça um desconto para que comece a perceber a relação entre custo e tempo, como se estivesse fazendo um empréstimo no banco.

Bônus sim, mas não rotineiros

Outro erro comum dos pais é estimular as crianças a fazerem suas tarefas cotidianas por dinheiro, o que é prejudicial. Você pode dar uma quantia simbólica quando ela fizer atividades que não são dela, como tirar os pratos de toda a família da mesa, mas isso deve ser ocasional, para que não vincule que fazer suas obrigações resulta em prêmios.

É preciso atentar também aos irmãos, porque o mais esperto nunca deve prevalecer sobre o outro, gastando seu dinheiro e depois emprestando o do mais novo. Fique de olho em como está a dinâmica entre eles, e se estão sendo responsáveis com os gastos. “Errar faz parte, mas a criança não deve criar o costume de se favorecer pegando dinheiro do menos esperto”, finaliza.

Naiara Taborda

Fonte: Daquidali

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